O desafio de ser amado

Existem duas grandes necessidades básicas no ser humano ser amado e ser aceito. Quando recebemos essas duas coisas a contento temos uma possibilidade maior de sermos saudáveis diante da vida. A grande questão é que a saúde psíquica é construída desde a mais tenra infância, lá com as nossas primeiras referências de afeto, nossos pais, e uma boa parte das pessoas não tiveram experiências satisfatórias de amor e aceitação dentro da família. Para muitos faltou amor, e sobrou rejeição. Como crescer confiante e seguro? Difícil não é?
O resultado são adultos disfuncionais, carentes, e fixados na aceitação e auto afirmação. Pessoas em sofrimento existencial. Há exceções? Sempre há, mas não é a regra. O mundo para quem viveu com essas faltas é visto como um lugar inseguro, uma ameaça. Há uma necessidade inconsciente de se defenderem para sobreviver. Alguns custam amadurecer emocionalmente e escolhem deixar de fora o amor. E isso me faz lembrar do texto de  I Jo 4.18 "No amor não existe medo;  antes,  perfeito amor lança fora o medo. O medo produz tormento; logo aquele que teme não é aperfeiçoado no amor". Só no amor seguro é possível crescermos saudáveis. O amor nos aperfeiçoa! Um ambiente seguro promove um desenvolvimento sadio. Já o medo interfere no amadurecimento, e a grande probabilidade de quem já foi ferido nessas bases é temer o "amor", e defender-se contra a dor. Leia-se, contudo, que o amor do qual tratamos aqui não é casual, nem relacionamento homem e mulher, mas algo mais abrangente, o amor como base de vida.
O amor dá estrutura para o desenvolvimento psíquico da criança, quando isso é alterado, muralhas são levantadas em cada nova decepção, repetição, novas rejeições, tudo se atualiza, defesas, comportamentos como  orgulho, raiva, ira, vitimização, agressividade, timidez, solidão, embarreiram a entrada do amor, se não adequadamente tratados e identificados.  O amor é visto numa ótica infantil adoecida, fixada na dor da rejeição, e ser amado portanto, passa a ser um grande desafio. O interessante é que ao mesmo tempo que existe a rejeição ao amor, há também um grito velado por isso.
Agora o fato de não se ter tido amor e aceitação não pode virar um desculpa para não vida, não luta, que infelizmente é onde muitos param. Gente é possível encararmos as rejeições de uma forma mais positiva. Escolha perdoar, seguir, imunize-se,e tire o poder do outro de te ferir. A rejeição pode forjar o  caráter, torná-lo mais forte, se tiver a perspectiva correta, que não a de vitimização. E sabe, nossos pais, amigos, pessoas estimadas, em sua maioria tentaram dar o seu melhor, como nós também, mas muitas vezes falhamos, portanto, usemos de misericórdia, pois nós também precisaremos dela algum dia.
É preciso uma dose de conscientização, e de resignificação do amor; de que amar e ser amado é vital para se ter uma mente saudável; de que vale a pena o risco de viver com bases no amor e não na rejeição e amargura, por mais que haja dor em algum momento,o que sem dúvida é inevitável, mas vale a pena.
É uma escolha diária quebrar tijolinho por tijolinho da muralha e deixar, raios de luz, de esperança, e de afeto atravessarem os muros de proteção para oportunizar uma nova experiência de amor, em suas várias formas e cores.
Quem levanta muralhas se encarcera no isolamento, fica tão protegido que não vive quase nada, nada entra e nada sai. O mal não entra, mas o bem também não. A muralha fecha tudo.
Meu irmão, você deve ter inúmeras razões para não querer acreditar novamente, mas ainda assim amar e ser amado ainda é a melhor opção de saúde para você. Escolha confiar novamente no amor que chega diariamente para você, num sorriso, num afago, num aperto de mão, numa música, num pássaro que canta, no dia que nasce, na comidinha feita para você, numa mensagem de carinho... ah, e se eu puder colaborar com uma sugestão, digo a você: não tente modelar o amor, receba-o como ele vem, cada um dá o que tem, em suas diversas linguagens e experiências de vida, não idealize o amar do outro, mas vivencie o agora que as pessoas podem te dar. Dê a elas também o que você pode dar. E simplesmente se permita receber o que de bom a vida trás na sua simplicidade. Dê ao outros um pouco de você, o que de bom você tem,  todos temos algo para dar ao outro.
Que Deus te capacite a tentar novamente, a crer novamente, e a viver o seu amor plenamente.
Por  Ara

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